domingo, 23 de maio de 2010

Saudade...

Muitas vezes, sou forte e sigo em frente apenas lembrando dos fatos, como momentos vividos e que trazem consigo ensinamentos e sabedoria... Mas, a saudade alguns dias vem com força e me pega desprevenida, aí, me entristeço um pouco... Um misto de sentimentos me consomem, uma saudade de momentos que se passaram, uma saudade do que poderia ter acontecido, do que ainda poderia vir a acontecer, imaginando situações reais, que com o tempo ganham um filtro e se misturam com ficção nesse meu imaginário...

Essa semana ainda vi o filme Chico Xavier, onde tem várias cenas dele com a mãe, que já desencaranda o aconselhava, o acolhia e acariiava sua cabeça... E, essa cena fiou na minha cabeça, com uma mistura de "inveja" e de saudade... Leia-se como inveja, vontade de psar pela mesma experiência, e nada mais que isso!!!

E com tudo isso habitando minha cabeça e meus sentimentos, me lembrei de um poema da Adélia Prado, que diz tudo sobre a falta que meus pais me fazem:

Poema Esquisito

"Dói-me a cabeça aos trinta e nove anos.

Não é hábito. É rarissimamente que ela dói.

Ninguém tem culpa. Meu pai, minha mãe descansaram seus fardos,

não existe mais o modo de eles terem seus olhos sobre mim.

Mãe, ô mãe, ô pai, meu pai. Onde estão escondidos?

É dentro de mim que eles estão.

Não fiz mausoléu pra eles, pus os dois no chão.

Nasceu lá, porque quis, um pé de saudade roxa,

que abunda nos cemitérios.

Quem plantou foi o vento, a água da chuva.

Quem vai matar é o sol.

Passou finados não fui lá, aniversário também não.

Pra quê, se pra chorar qualquer lugar me cabe?

É de tanto lembrá-los que eu não vou.

Ôôôô pai

Ôôôô mãe

Dentro de mim eles respondem tenazes e duros

porque o zelo do espírito é sem meiguices:

Ôôôôi fia."